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Sinais de Fumaça

O mundo dos charutos e a arte de degustá-los

Cubanos X baianos

Cubanos X baianos

Clima, semente de qualidade e solo favorável formam a base para produção de um excelente charuto – e podemos dizer que, nesses quesitos, Cuba e Bahia estão muito próximas

Primeiro é preciso ressaltar que a tradição do charuto cubano é proveniente de 500 anos de cultivo, produção e manufatura, contra 130 anos do baiano. Levando-se em conta que o processo de produção do charuto é 100% artesanal e o ofício de torcedor ou tabaqueiro (pessoa que faz o charuto manualmente) é uma herança de família, passada de pai para filho através das gerações, podemos mais uma vez notar o peso da tradição.

Clima, semente de qualidade e solo favorável formam a base para produção de um excelente charuto. Podemos dizer que nesses quesitos Cuba e Bahia estão muito próximas, pois possuem climas parecidos o ano todo e as sementes plantadas na Bahia foram na sua grande maioria trazidas de Cuba. No solo, porém, a ilha leva vantagem. Com centenas de anos de plantio, os elementos químicos e orgânicos fundamentais passaram a compor sua base, completando o trinômio “clima, semente e solo” com perfeição.

Em suma, para analisarmos um charuto, podemos levar em consideração três itens: sabor, força e aroma.

O cubano é mais intenso, forte e encorpado, com o gosto de tabaco acima de tudo, com retrogosto marcante. Já o baiano evidencia aromas mais suaves tais como canela, cravo, cacau, chocolate e caramelo. O seu retrogosto não fica tão evidente, mas proporciona grande prazer por causa da sua leveza.

As exportações de Cuba, quase na sua totalidade, são feitas em forma de charutos (cerca de 200 milhões de unidades) e uma parcela mínima em fumo como matéria-prima. Mas a Bahia exporta 99% de sua produção em forma de fumo: 1% (algo em torno de 5 milhões de unidades) vendido no mercado interno e uma pequena parcela para exportação. Como consequência, a qualidade fica comprometida e é frequente encontrar 20% de uma caixa de cubanos sem condições de ser fumada, fato que raramente ocorre com nossos baianos, mesmo custando até quatro vezes menos.

Como apreciador de cubanos e baianos, posso concluir que o único fator predominante que dá vantagem ao cubano é a tradição, mas com o tempo os baianos estarão no mesmo patamar.


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